A eternidade no tempo e o conhecimento na arte na obra de Marcel Proust

  • Alexandre Arbex Valadares
Palavras-chave: Proust, estética, memória, tempo

Resumo

Tendo por pano de fundo a suposição de que o tema dominante na obra Em busca do tempo perdido é a descoberta da vocação literária do narrador, ou, antes, o seu aprendizado, o artigo trata da concepção proustiana de arte como modo de produção da verdade. A essa concepção do fazer artístico corresponde uma teoria estética que, no romance de Proust, é referida, igualmente, como uma teoria do conhecimento. Para fazer ver de que maneira essas teorias se irmanam, o presente texto propõe interpretar a ideia de tempo em Proust com base na relação que o escritor estabelece entre a experiência sensível e a memória involuntária. Segundo a interpretação exposta a seguir, essa relação, que o estilo proustiano ao mesmo tempo evoca e ilustra sob a forma de analogia, explica tanto o prazer ou a felicidade decorrente da fruição estética, da contemplação de uma verdadeira obra de arte, tal como Proust a entende, quanto a alegria que se segue à sensação de certeza ou de produção de sentido. Ambos os estados se caracterizam por uma suspensão da temporalidade empírica ou, o que é o mesmo, pela afirmação da eternidade como a verdade do tempo.

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Referências

BECKETT, Samuel. Proust. Trad. Arthur Nestrovsky. São Paulo: Cosac Naify, 2003.

DELEUZE, Gilles. Proust e os signos. Trad. Antonio Piquet e Roberto Machado. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1987.

Publicado
2017-04-20
Seção
Cinema, literatura e filosofia