As artes de emocionar e a ética de Aristoteles

  • Juliana Satana de Almeida Universidade Federal de Tocantins

Resumo

O artigo examina a possibilidade das emoções (páthe) expostas na Retórica e na Poética apresentarem conteúdo ético. Esse questionamento surgiu devido à peculiaridade dos assuntos discutidos nos diferentes escritos de Aristóteles. Para esclarecer tal dúvida analisamos os trechos dos dois tratados que mencionam as emoções e nos quais verificamos traço especial cedido a elas: elementos de acionalidade. Assim, percebemos que os discursos retóricos podem solicitar deliberação para decisões políticas, ligando as emoções a um aspecto ético. Com as emoções trágicas, que serão associadas àquelas descritas na Retórica, o filósofo também apresenta traços de racionalidade. Mas Aristóteles parece entender que a poesia ou o espetáculo trágico permite ao homem lidar melhor com suas emoções. O que pode implicar uma espécie de preparação para a realidade. Tais constatações nos levaram a responder positivamente à questão sobre um possível traço ético nas páthe descritas na Poética e pela Retórica.

Biografia do Autor

Juliana Satana de Almeida, Universidade Federal de Tocantins

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Publicado
2017-04-01
Como Citar
de Almeida, J. S. (2017). As artes de emocionar e a ética de Aristoteles. Fundamento, 1(9). Recuperado de https://periodicos.ufop.br/fundamento/article/view/2418