De uma subjetivação forçada:

a fusão do belo e do sublime na sublimação lacaniana.

  • Vinicius B. C. de Sousa
  • Gilson Iannini
Palavras-chave: sublimação, Lacan, Antígona, Belo, Sublime, Kant.

Resumo

O objetivo deste artigo é discutir em que medida a releitura lacaniana do conceito psicanalítico da sublimação é realizada tendo-se os fundamentos da estética de Kant como pano de fundo. No curso de nossa exposição, pretendemos descrever como a sublimação se caracteriza eminentemente como procedimento crítico frente a uma determinada realidade social. Diferentemente de Freud, que pensava a sublimação nos quadros do desvio da meta sexual em direção a objetos reconhecidos e valorizados pela cultura, Lacan propõe um deslocamento da problemática da sublimação para fora do horizonte normativo da história e da cultura, mobilizando categorias como transgressão e disrupção. Tomaremos a tragédia de Antígona como exemplo, buscando enfatizar como essa função encontra nos recursos estéticos um meio de formalização privilegiado para ser desempenhada. As noções kantianas do belo e do sublime, tal como relidas por Lacan, subsidiarão o exame dessa formalização a que tende a sublimação. A hipótese central é que a sublimação lacaniana pressupõe - e aprofunda - uma espécie de fusão do belo com o sublime, e não sua separação. 

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Biografia do Autor

Vinicius B. C. de Sousa

Possui Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), especialização em “Clínica psicanalítica” e graduação em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas).  

Gilson Iannini

Professor do Departamento de Psicologia da UFMG. Foi professor no Departamento de filosofia na UFOP de 1999 a 2017. Doutor em filosofia pela USP, é autor de “Estilo e verdade em Jacques Lacan” (ed. Autentica). 

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Publicado
2018-01-29